Pelo que me lembro, eu sempre orei fervorosamente pela paz. Eu cresci em Londres, na época da Guerra Fria, da Guerra das Malvinas e dos ataques terroristas do grupo paramilitar denominado Exército Republicano Irlandês, ou IRA. Certa ocasião, enquanto eu olhava a vitrine de uma livraria, uma bomba do IRA explodiu em uma loja vizinha. Na escola, falava-se muito sobre guerra; meu avô sofrera com um fragmento de metal alojado em sua cabeça, de quando lutara na Primeira Guerra Mundial. Então, quando acordava à noite, eu sempre orava, principalmente para afastar meus próprios temores.
Tempos depois, eu morei e trabalhei em Israel, onde o perigo do conflito era constante. Era evidente que a maioria da população desejava viver em paz. Eu e muitas outras pessoas frequentemente orávamos por paz e segurança.
Quando aconteceram os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos, eu, meu marido e nossos três filhos morávamos na Austrália e o nascimento de nosso quarto bebê estava previsto para o dia seguinte. Eu me perguntei, honestamente, como tivera a coragem de trazer outro bebê ao mundo. Alguns meses depois, nossa família teve de viajar para Sydney. Durante o voo, subitamente eu comecei a ter um ataque de pânico.
Contudo, desde quando era aluna da Escola Dominical da Ciência Cristã, eu havia aprendido que Deus é o Amor, e que “Um só Deus infinito, o bem, unifica homens e nações; estabelece a fraternidade dos homens; põe fim às guerras…” (Mary Baker Eddy, Ciência e Saúde com a Chave das Escrituras, p. 340). E eu tinha sentido os efeitos sanadores trazidos pela compreensão de que Deus é o Amor universal.
Mantive-me o mais calma possível, para não incomodar a família, e orei com base nas ideias da Lição Bíblica daquela semana (publicada no Livrete Trimestral da Ciência Cristã). Esta estrofe de um hino também me ajudou bastante:
Braços do eterno Amor
Ao redor de tudo estão,
Deus a salvo me conduz,
Firme apoio Deus me dá.
(John R. Macduff, Hinário da Ciência Cristã, 53, trad. e adapt. © CSBD)
O pânico diminuiu um pouco. Mas voltou a aparecer, inclusive quando fomos a um restaurante no último andar de um prédio alto, e também durante o voo de volta para casa. Desta vez, eu percebi que precisava orar não apenas por mim mesma, mas pelo mundo também — especificamente para enfrentar e eliminar a noção de que o terrorismo é inevitável, e para compreender verdadeiramente que a violência não tem lugar no reino de Deus. Na oração, trechos do Salmo 91 me vieram ao pensamento: “Não te assustarás do terror noturno, nem da seta que voa de dia” e “tu não serás atingido” (versículos 5, 7). Entendi que essas promessas se aplicam não apenas a mim, mas a todas as pessoas. De fato, todos nós habitamos “no esconderijo do Altíssimo”, como também diz o Salmo 91 (versículo 1). E nesse esconderijo — na realidade de nossa existência como progênie espiritual de Deus — discernimos Sua proteção e Seu amor por todos.
Essa verdade não é algo que vale em um lugar ou apenas no futuro; é a única realidade do existir, neste exato momento. Compreender essa realidade espiritual traz esperança e força em momentos difíceis.
Ao ponderar sobre essas ideias, o pânico desapareceu para sempre. Fiquei muito grata por compreender mais profundamente a presença de Deus e Seu amor por todos.
Mais recentemente, entendi que a compreensão acerca de Deus e de Sua totalidade é o agente mais poderoso para a mudança. Nosso papel é examinar nossos próprios pensamentos e abandonar aqueles que são dessemelhantes de Deus, o bem.
Orar a respeito de acontecimentos mundiais aparentemente opressivos e ameaçadores pode, às vezes, parecer uma tarefa impossível. Mas, sempre me lembro de algo que aprendi com um dos professores da Escola Dominical: cada vez que oramos com base na bondade e no amor de Deus, rompemos um elo das correntes que aprisionam o mundo.
Ao cultivarmos em nós mesmos o trigo da compaixão, do perdão, do amor e da consagração — qualidades que são inerentes a todos, por sermos filhos de Deus — esse trigo crescerá e ficará mais forte, até podermos arrancar todo o joio do conflito, da violência e do ódio, e ver apenas campos de harmonia e paz.